TRADIÇÃO DA TRÍVIA NEGRA

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    O Sagrado, O Profano e O Divino

    Nubius Draknir
    Nubius Draknir

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    Mensagem  Nubius Draknir

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    O Sagrado, O Profano e O Divino


    Este texto é fruto de uma conversa, bastante proveitosa, que tive com uma persona de outro credo religioso e com outra que, por vários fatores, prefere “não saber de nada do que ter algum esclarecimento”. Esta conversa teve bons frutos e me fez pensar muito, refletir bastante sobre tudo o que falamos. Creio que as outras partes, também, tiveram seus momentos de reflexão e conclusões.

    Bem vamos ao tema – O Sagrado, O Profano e O Divino.

    Acredito que poucos já pararam, realmente, pra analisar o que é SAGRADO, o que é PROFANO e o que é DIVINO, no que concerne à pratica e vivencia do Caminho.

    Para muitos, por incrível que possa parecer, existe um extremismo exagerado, muito semelhante ao “fanatismo” religioso de pessoas que não usam a massa cinzenta.

    Outros utilizam, de forma exagerada e extremista, o sagrado para satisfazer seus prazeres, impor suas vontades, manipular e influenciar em benefício próprio, como uma máscara para encobrir a própria vaidade e ego. Desta forma utilizam, também, o divino para o mesmo propósito, se escondendo por trás das divindades e usando do subterfúgios em nome dos Deuses em prol de si mesmo e de seus ideais.

    Por outro lado existem aqueles que tentam o extremo contrário, o profano, para ir contra o padrão imposto pela grande maioria. Sem falar que o profano se torna, por vezes, uma bandeira usada por aqueles que ostentam o sagrado e o divino, para rotular, julgar e até mesmo condenar aqueles que vão contra as idéias e vontades impostas, disfarçadas pela virtudes supostamente advindas do divino e sagrado.

    Diferentemente da religião de massa em voga, era de se esperar que nós outros; Caminheiros, pagãos de toda e qualquer vertente, ou, indo mais além, todos os que trilham sendas iniciáticas ou de mistérios; uma vez educados a enxergar além do que se é apresentado e a usar o próprio pensamento e bom senso, pudéssemos ter clara a visão e o discernimento das coisas.

    Ao meu ver, todos deveríamos ter uma visão, no mínimo, delineada basicamente a respeito destas coisas.

    Acredito que, usando a necessidade humana de rótulos, para reconhecer, aceitar e entender o sagrado, o profano e o divino; poder-se-ia usar ou analisar a partir de conceitos simples e até pueris vista de um ângulo mais espiritualizado, fugindo do que se é dado nos dicionários(que no fundo é a mesma coisa na essência), tais como:

    SAGRADO – meio para atingir e/ou alcançar o divino, quer seja por meio de objetos, vestimentas, ações, ritos, cânticos, dentre outras maneiras diversas e utilizadas em todo o mundo.

    PROFANO – coisas comuns, mundanas, do dia-a-dia e, indo mais além, que são parte inerente da natureza humana e dos instintos mais básicos e primitivos; tanto que, segundo a religião de massa em voga, deve ser combatida e relegada para não se ter a “condenação eterna” ou vir a “perder a alma para o diabo”.

    DIVINO – é a própria DEIDADE; algo muito superior, sublime, puro e elevado; vai muito além daquilo que nossas naturezas e instintos limitam e compreendem. Cabe também dizer que é transcendental, imortal, quase inimaginável e inalcançável.

    Sei que muitos hão de discordar  do “quase”, porém saliento que, ao meu entender, uma vez que temos nossa DIVINDADE INTERIOR, também chamada de divindade menor ou divino menor, denota-se que somos e temos uma fração daquilo que entendemos e reconhecemos como DIVINO, chamado de DIVINDADE MAIOR ou divino maior.

    Seria bom que todos nós observássemos bastante sobre os “conceitos”, de certa forma, pueris e simplórios acima. Observando bem, cada qual irá chegar a suas próprias formas de conceitualização sobre cada item. Saliento que os “conceitos” dados acima são o start; a ignição, o principio para que possamos, a nosso tempo e modo, nos aprofundarmos mais em cada item.

    Por mais que possa parecer estranho e, como bem já ouvi, pouco ortodoxo; chamo a atenção para que tomemos foco em nós mesmos; depois nos que estão a nossa volta e, depois, para tudo o que nos cerca. Deste modo será fácil verificar que todos os seres, desde o átomo até a maior estrela do universo (e até o próprio universo) possuem, em si, os três aspectos – O Sagrado, O Profano e O Divino.

    Ora, por mais que se possa espernear e se autointitular “o escolhido(a)” dos Deuses, ou do Alto se o preferir, há de se colocar em evidência a inerência destes três aspectos em nosso ser. Cada qual é interligado e ao mesmo tempo oposto a si e intercorrelacionado entre eles.

    Basta tomar como exemplo um athame. Vejam bem, o athame para a grande maioria é apenas um punhal; quer seja um punhal prático ou um punhal “decorativo”, mas ainda assim um punhal. Um pedaço de aço com corte, ponta e cabo que serve pra cortar carne, afiar madeira, matar animais e uma outra gama enorme de utilidades mundanas e de forma PROFANA. Pois bem, este mesmo punhal, para outros, é um instrumento mágico, que devido a alguns ritos foi CONSAGRADO, isto é, tornou-se SAGRADO para representar uma força, ou seja, faz o link entre o proprietário e uma Divindade. Para tantos outros mais vividos e experientes este mesmo athame, que para um é um simples instrumento de sobrevivência e para outro é um objeto sagrado, é reconhecido como um OBJETO DIVINO, pois possui em si uma história, um nome, uma força, um poder, possui vida e uma parcela da PRÓPRIA DIVINDADE – tanto a divindade menor quanto a divindade maior.

    Com um olhar mais analítico, profundo e curioso, vamos ver que sempre usufruímos do sagrado, do profano e do Divino constantemente e alternadamente para manifestar o nosso ser. Quando digo alternadamente quero dizer que, quando damos vazão as nossas necessidades básicas e instintos primários como a sobrevivência e o sexo, por exemplo, estamos atuando no campo do PROFANO;  quando tentamos nos conectar com forças e poderes além de nós, espiritualmente dizendo, por meio de orações, cânticos, mantras, objetos, ritos e afins, estamos atuando no campo do SAGRADO; e quando estamos atuando de forma devotada, verdadeira, indo contra a nossa inclinação e egoísmo, em prol de outrem ou de um bem muito maior do que o nosso próprio, estamos agindo no campo do DIVINO.

    Quando digo que constantemente, leia-se que, de fato, no nosso dia-a-dia, nas coisas mais banais, atuamos nos três aspectos de forma, na maioria das vezes, inconsciente. Pode-se dizer que raramente atuamos nos três campos de forma consciente.

    Só se consegue, verdadeiramente, atuar no SAGRADO, PROFANO e DIVINO conscientemente quando observamos e estamos sintonizados com o DIVINO MAIOR, ou seja, quando há link entre a divindade menor e a divindade maior – da vontade e da VONTADE.

    Isso se dá por, e somente por, meio de constante treinamento, exercício e prática constante. Do conhecimento de si, do tentar ver e compreender verdadeira e profundamente todas as coisas. De atuar como, no nosso caso, sacerdotes e sacerdotisas, filhos e filhas dos Deuses Antigos.

    O que nos diferencia, de fato, do restante que caminham na orbe terrestre é o fato de estarmos – 24 horas por dia, durante os sete dias da semana – nos trabalhando, estudando, aperfeiçoando, buscando ser um representante, no real sentido da palavra, dos Deuses; sermos de forma real e verdadeira tão divinos quanto as DIVINDADES que representamos. É termos a CONSCIÊNCIA daquilo que os outros não possuem.

    Vale ressaltar que, no cerne dos CAMINHOS INICIÁTIOS OU DE MISTÉRIOS, não existem seguidores e sim sacerdotes; seres que representam um PODER MAIOR; que conseguem pensar, agir, perceber, querer, ousar, saber e, quando o é necessário, calar.

    O que é lindo no Caminho Antigo – na Velha Fé – é que quando consegue-se compreender que os próprios Deuses possuem e atuam nos três aspectos – sagrado, profano e divino – compreendemos que é natural e totalmente normal que tudo e todos também o façam; “pois como o é no ALTO também o é no BAIXO”.

    Nesta frase nota-se justamente onde a CONSCIÊNCIA DESPERTA se encontra, pois o ALTO é o DIVINO, o BAIXO é o PROFANO, o Caminheiro é justamente o SAGRADO.

    Somos sagrados não porque o ser humano é um ser que pensa, mas sim pelo mérito de estar em constante aprendizado e buscando sempre se aprimorar e, principalmente, quando seu espírito altaneiro se desprende do comodismo e busca, de fato, servir a um propósito maior.

    Assim sendo, que sejamos DIVINAMENTE sábios e buscadores, que amemos tanto mortais quanto imortais PROFANAMENTE e que saibamos ser filhos e filhas dos Deuses Antigos SAGRADAMENTE.


    Núbius Pendragon – 10 Janeiro 2012
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